Análise de dados com ArcGIS dashboard

Em um cenário cada vez mais orientado por dados, gestores e gerentes de TI têm enfrentado um desafio recorrente: como traduzir grandes volumes de informação em insights claros, visuais e que realmente apoiem a tomada de decisão? Soluções como o ArcGIS Dashboards vêm ganhando espaço por atender a essa demanda, permitindo a criação de painéis interativos e personalizados que integram dados geográficos com métricas operacionais em tempo real.

Um exemplo prático e recente da aplicação dessa ferramenta foi o monitoramento de casos de COVID-19 por região, em que diferentes esferas de governo e empresas puderam visualizar a evolução dos casos, leitos disponíveis, áreas de risco e mobilidade populacional com precisão e detalhes. Esse tipo de análise, que combina dados geográficos e indicadores operacionais, é o que diferencia o ArcGIS de outras soluções de dashboards mais convencionais, que muitas vezes não conseguem lidar com informações espaciais de forma nativa e eficiente.

Ao longo deste post, vamos explorar como essa ferramenta pode ser utilizada na prática, quais tipos de dados são mais relevantes para análise e quais obstáculos costumam surgir na configuração inicial. O objetivo aqui é apresentar as oportunidades e cuidados necessários com a plataforma, e mostrar por que ela pode ser uma aliada estratégica para empresas que estão buscando mais inteligência na gestão de seus ativos e operações.

Por mais que o ambiente ArcGIS se destaque no quesito de análise e tratamento de dados georreferenciados, engana-se quem pensa que só faz sentido utilizá-lo em áreas puramente geográficas. O verdadeiro valor da ferramenta está em como ela permite combinar localização com indicadores de negócio.

Considere uma rede de franquias no setor de alimentação rápida que está em fase de crescimento e busca abrir novas unidades. A decisão de onde expandir não pode se basear apenas em intuição ou disponibilidade de imóveis, é preciso entender o território. Utilizando ferramentas como o ArcGIS Dashboards, é possível visualizar em um único painel diversos fatores que impactam diretamente o sucesso de uma nova loja: densidade populacional, renda média da região, presença de concorrentes, fluxo de pedestres em áreas comerciais e até dados históricos de desempenho das unidades já existentes.

É importante destacar, no entanto, que muitos desses dados citados, especialmente os demográficos, de mobilidade ou concorrência, precisam ser integrados à plataforma por meio de fontes externas, como bases públicas, fornecedores de dados comerciais ou sistemas internos da empresa. O ArcGIS Dashboards atua como uma ferramenta visual entre essas informações, mas não necessariamente as fornece de forma nativa, o que exige planejamento prévio quanto à origem, qualidade e atualização dos dados utilizados.

Mas o que realmente diferencia a experiência é a interatividade entre os elementos do painel, o mapa não é apenas ilustrativo, ele é reativo. É possível, por exemplo, selecionar uma área geográfica diretamente no mapa e ver os gráficos e indicadores se atualizarem automaticamente com o recorte correspondente. Em um cenário de monitoramento de COVID-19, como citamos no início, isso permite, por exemplo, clicar sobre o território brasileiro e obter um resumo detalhado da situação por estado, com indicadores filtrados dinamicamente conforme a seleção. Esse tipo de interação torna o dashboard muito mais explorável e intuitivo, mesmo para quem não tem familiaridade com análise geoespacial, já que uma vez que os dados estão organizados e preparados, a configuração dos componentes visuais tende a ser bastante prática, permitindo a criação de painéis completos em menos tempo do que se imagina.

Dito isso, há desafios técnicos para se manter em mente para aproveitar bem as vantagens da plataforma, a proposta do ArcGIS Dashboards seja a simplicidade na visualização, configurar um painel funcional e confiável nem sempre é tão direto quanto parece. Um dos primeiros desafios é a preparação dos dados: para que sejam exibidos corretamente, é essencial que estejam devidamente georreferenciados e com uma estrutura limpa, especialmente quando vêm de fontes externas. Muitas vezes, é necessário implantar uma etapa de pré-processamento de dados à parte para garantir a compatibilidade na integração e, apesar do ArcGIS oferecer suporte a diversas fontes de dados, nem todas se integram com a fluidez esperada, o que pode exigir apoio técnico especializado ou adaptações no modelo de dados.

Também é preciso considerar que a ferramenta depende de um ambiente operacional bem definido: o ArcGIS Dashboards roda exclusivamente dentro do ecossistema da Esri, o que exige uma conta corporativa ativa no ArcGIS Online ou através do ArcGIS Enterprise em um portal hospedado internamento na infra da empresa. Essa estrutura, embora robusta, pode representar uma barreira inicial para empresas que ainda não trabalham com os serviços ArcGIS, mas também garante uma integração estratégica entre as diversas ferramentas do ecossistema ArcGIS, maior segurança na gestão de dados geoespaciais e eficiência na idealização de projetos futuros que evoluam para análises mais complexas, como geoprocessamento avançado, automação de fluxos ou inteligência territorial em tempo real. ou que não têm equipe técnica familiarizada com suas particularidades.

A construção de dashboards com foco espacial representa uma evolução natural para empresas e instituições que lidam com dados distribuídos geograficamente. O ArcGIS Dashboards, nesse contexto, se destaca por oferecer uma forma visualmente clara e interativa de explorar essas informações, conectando localização a indicadores. Ainda que sua curva de entrada exija atenção, tanto em termos técnicos quanto na aquisição do produto, o resultado vai além da ferramenta em si, é sobre ampliar a capacidade analítica da organização territorial, transformar dados geográficos em informações mais precisas e criar uma base sólida e de fácil visualização que possa contribuir de forma positiva nas tomadas de decisão da empresa.

Muralis insigths | Escrito por: Giovanni Massaro, Tech Lead